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Thursday, September 23, 2004

LAGUINHO

Antes de tudo, devo explicar: o laguinho é praticamente um patrimônio cultural da ECO/UFRJ. É uma espécie de pátio interno com um chafariz no meio onde todos os alunos da Comunicação se reúnem pra fazer de tudo menos assistir aula, é claro. Bom, aqui vai (a pedidos ) o texto do laguinho (Calma, Aline, eu vou postar o Sonho, mas só junto com os irmãos dele, tá bom :-) )

LAGUINHO

O vento passa e balança as árvores, elevadas aos céus. As folhagens balançam, contorcendo-se ao encontrar a brisa vespertina. Mas dentre elas, duas destoam. Galhos secos formam teias que impedem a divagação do olhar. Aprisionam-no e remetem-no à terra.
De uma delas, uma folha cai, impondo-me a visão de algumas pedras redondas, das quais ainda brotam mais vida. Mas elas sucumbem ao marrom da terra batida. A aparência pobre deste solo é desfeita quando as raízes das árvores são vistas, brotando impetuosamente da terra. Finalmente percebo que elas estão postas em uma espécie de círculo. Apesar de parecerem naturais, são artificialmente obras humanas.
No centro de tudo, um lago. Ou algo parecido, não sei ao certo. Uma construção que se assemelha a um chafariz, ladeada por azulejos. Mas está seca. Tem algumas folhas dentro, mas também estão secas. Seria tão mais bonito se fosse bem cuidado!
Bem cuidado...e meu olhar agora vagueia por essas paredes que já presenciaram tantas histórias. O sol bate em cheio em algumas delas, suas janelas abertas deixando-o entrar...do outro lado, sombra e serenidade. Em ambas, pinturas gastas. Na parte superior de cada uma, vasos sem vida. Vejo descaso. Não quero vê-lo. E remeto meu olhar novamente às folhas que balançam. Ao céu.


(P/ Gláucia: ainda não desisti de colocar o seu texto aqui. Só estou esperando vc deixar de frescura... :-) )
Ah! Agradeço ao prof Agostinho pela oportunidade de me fazer escrever sobre o laguinho. Eu já tinha essa vontade, mas foi na aula dele que (teve) que surgir a inspiração.
E Maluka, vc é demais! Mto obrigada por tudo!
E óbvio, estou esperando comentários, não só sobre esse, mas sobre todos os textos que eu colocar aqui! Bjs para todos! Amo vcs!

Friday, September 17, 2004

PALPITAÇÃO

- Quem é você?
- Não faço a menor idéia. Sou todos, e ao mesmo tempo, não sou ninguém.
- Então, como posso te reconhecer?
- Ah, isso é fácil! Você simplesmente sabe quem eu sou...não preciso falar sobre mim, mas você sempre me vê.
- Isso é difícil... se eu estivesse no seu lugar, aposto que você não seria capaz de me idntificar...
- É, eu também acho que não... eu sei que sou um pouco burro e idiota de vez em quando...
- Dizem que você também não enxerga muito bem...
- Mas isso não é verdade, d maneira nenhuma... eu enxergo muito melhor do que você, porque vejo além.
- Acho que você sempre diz isso...
- E é a verdade! Eu prometo!
- Alguém me disse uma vez que eu não deveria acreditar em promessas. E eu nem te conheço...
- É uma pena! Minhas promessas são as mais lindas do mundo...
- E devem ser as mais ilusórias também...dê-me somente uma razão para acreditar.
- Simples: você, de alguma forma, não saberia mais viver sem elas...
- É...talvez não...você sabe como me convencer...
- Isso não é das coisas mais difíceis...sempre é fácil convencer o coração. Difícil é convencer a mente...
- E como você consegue?
- Impossível! A razão sempre busca um motivo para me rejeitar. Então eu somente a elimino.
- Elimina?
- Claro, mas só no que diz respeito a mim. Ela atrapalha muito o meu trabalho...
- Você vai eliminar a minha?
- Creio que isso já foi feito...
- Acho então que não há nada mais que eu possa fazer além de deixar você entrar...
- É...receio que você não tenha outra saída...
- Então... seja bem-vindo. Mas você ainda não me disse como se chama...
- Não seja por isso. Muito prazer, chamam-me Amor.

FIM

"O que pode ser dito nessas horas?" - ela falou. Seu rosto estava contraído, sério, estranho. "Será que aquilo estava realmente acontecendo? Não era possível! Tudo tinha sido em vão..."
Ele somente a olhava, fixamente. "Inferno! Por que tudo tinha que ser tão difícil?" Jamais gostaria de magoá-la...não queria que ela derramasse uma gota de lágrima indigna dele. Mas era inevitável. Ela o amava. E a recíproca era verdadeira. Mas seu erro foi imperdoável. O olhar dela lhe dizia isso...e ele estava arrependido.
Não se lembrava direito do que tinha acontecido. Achava que estava bêbado. Pensava que a beijava. Mas depois a imagem dela se desfez. Sumiu no ar. E depois ela apareceu de novo, só que chorando. Será que ela não tinha gostado do beijo? Virou-se e viu um sorriso de mulher. Virou-se novamente: lágrimas. E a realidade caiu sobre os seus ombros.
E agora, ele só queria se desculpar. Mas não adiantava, ela jamais iria desculpá-lo. Ela só o olhava, tentando entender. Era indescritível a sensação de perda, de traição. Dor. Ela via que ele estava arrependido, mas não confiava mais nele. Seria melhor daquele jeito...
Estava decidido. Amavam-se. Mas nada seria como antes. Ela o beijou. O último beijo. "Eu te perdôo". E foi embora.