DUELO
Olhos fechados.
A expectativa era algo praticamente insuportável. Ela mal podia conviver com isso, era ansiosa por natureza. Sempre lhe disseram isso, mas ela nunca tinha provado tal coisa com um gosto tão doce e amargo ao mesmo tempo. Doce porque ela queria que assim o fosse. Amargo porque a sensação de esperar a corroía de curiosidade.
Sentia como se um calafrio a percorresse, mas não era exatamente isso, ela pensou. Toda aquela vertigem, mistura de sensações estranhas, sentimentos obscuros e medos diversos nunca encontrou momento tão propício como aquele. Ela não sabia se sorria ou se aquilo era desesperador: gostava de estar no controle, mas agora conhecia bem o valor do inesperado, da surpresa.
Olhos fechados.
Sorriu.
Sim, estava gostando daquela sensação. Era algo que ela não pôde definir pelas simples palavras “bom” ou “ruim”, mas que ela, ainda assim, estava descobrindo. Tinha o sabor da novidade, o sabor do desconhecido, de um universo a ser descoberto. Ah, ela gostava de novos universos.
Sensações estranhas.
O desconhecido, ao mesmo tempo que era algo muito aprazível aos seus olhos, a deixava com medo. Assustava-a mais do que qualquer coisa. E por isso talvez não sabia definir o que sentia naquele momento, tudo o que sabia era que consistia em um misto do que ela mais amava e abominava, algo que nunca tinha presenciado antes, nem pensou que fosse acontecer algum dia. Estava em uma encruzilhada: todas as suas contradições afloravam e perturbavam-na. Antes não tinha muito conhecimento delas, mas naquela hora, mais que tudo, seus pequenos eus paradoxais se enfrentavam. Ou seriam somente id, ego e superego? Não sabia.
Olhos fechados.
Pensamentos confusos.
Algo exterior à ela a toca. Até aquele momento, o mundo real não existia, mas agora era impossível não notá-lo: a força de seu toque parecia queimar sua pele. Estremeceu. O meio-sorriso voltou, transformando-se em algo indefinível. Nem ela mesma sabia explicar porque sorria daquela forma. As boas sensações ainda não apagavam o quão desesperador era aquela espera. Mas simplesmente pensou em se deixar levar pelo desconhecido. E era isso que ela queria, acima de todas as coisas. Ah, sim, ela queria.
Ouviu o som do trânsito lá fora. Lá, no mundo exterior. Ele a chamava, dizendo que deveria se libertar daquilo, tomar novamente as rédeas da situação. Mas era um guerreiro caído, praticamente morto, liquidado por algo que ela nem ao menos conhecia, mas que estava lá, perdido em algum lugar de seus pensamentos em desordem completa.
Olhos fechados.
Entretanto, ainda tinha duas opções: continuar ou fugir. Ambas seriam frustrantes, ela sabia: ou cessaria o desespero e a ansiedade, ou a curiosidade. Não teria os dois. Precisava escolher, e rápido. Mas, aonde estava o seu raciocínio mesmo? Ainda precisaria procurá-lo? Não, isso era fisicamente impossível. Não seria mais capaz de evocar a racionalidade. Ela estava longe demais: considerava o cérebro muito longe do coração, um longo caminho a percorrer.
Deixou-se levar.
Olhos fechados.
Um beijo.
2 Comments:
Moniquta, eu te odeio!! Como vc consegue escrever um texto FODA desse em CINCO MINUTOS???? Puta merda!!! XDDDD
Ele é pura tensão. Vai deixando o leitor curioso à medida q vai jogando a dicotomia de sensações da jovem pra lá e pra cá. E elas vão quicando, até culminarem no beijo. E sabe o q é mais legal?? Ele possibilita interpretações diferentes, eu podia jurar q se tratava de um bondage, hehehehe.
Bjs bjs bjs, 'votchka!! Tô gostando de ver o ritmo! \o/
Okay. Não dá pra fazer uma crítica imparcial desse texto porque... vc sabe o porquê!
Fantástico, mulé. Adorei o ritmo acelerado, as frases curtas, o tom de urgência, a descrição do que a moça está sentindo que nem sempre é linear (e isso é ótimo!).
E só pra constar: em momento algum pensei em sexo (embora, relendo, vejo que a interpretação é cabível!) Pra mim, trata-se de uma moça racional descobrindo o mundo das emoções, de estar em um relacionamento.
Ah... CINCO MINUTOS??? Já falei que te odeio hj? :D
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